6 de novembro de 2009

"Ensaio sobre o teatro" um documentario de Rui Simões. Promo.




Ficha Tecnica
Titulo: "Ensaio Sobre o Teatro"
Realizador: Rui Simões
País. Portugal
Ano: 2006
Duração: 90 minutos
Produção:Real Ficção
Financiamentos: Ministério da Cultura, ICAM, RTP

A partir da adaptação teatral da obra de José Saramago "Ensaio sobre a Cegueira"
Criação do teatro O Bando
Encenação e dramaturgia de João Brites

2 de novembro de 2009

Porquê duas vezes?

Confesso que quando me apercebi que os exercícios que tínhamos para desenvolver nesta sessão eram muitos parecidos com os da sessão anterior tive algumas dúvidas e ficai a pensar nisso nos dias seguintes. Cheguei à importante conclusão que se, como nos foi dito na primeira aula, este não é um curso para actores e se nós queremos utilizar o teatro nas nossas futuras actividades profissionais não como objectivo, mas sim como ferramenta de trabalho, a repetição dos exercícios é fundamental. Se nós queremos, como eu quero, desenvolver actividades como estas no papel do dinamizador, ou animador, é necessário experimentar mais que uma vez o mesmo exercício para num futuro ser capaz de trabalhar na melhor maneira possível. Assim, na primeira vez, podemos experimentar como participantes, numa segunda podemos trabalhar prestando atenção também às atitudes do dinamizador e ao seu trabalho e numa terceira vez podemos ser nós próprios os dinamizadores, digo isso em qualidade de sugestão para o futuro.

Além disso, vimos nesta sessão que ainda cometemos erros na execução do exercício como o já referido ler caminhando, sem prestar atenção à leitura, ou ainda fazer barulho e utilizar um tom de voz bastante baixo na representação em cena. Notamos estes erros, desta vez, sobretudo porque tínhamos um público-alvo estabelecido, e até tivemos algumas atenções, já referidas neste blog, em relação a isso.

Também a parte final da sessão, constituída sempre por um debate e uma troca de opiniões em relação às actividades, serve muito no sentido de aprender a dinamizar os exercícios, tal como serve para isso a repetição dos mesmos. Desta vez no debate falou-se do facto de, representando o conto todo seguido sem parar entre um grupo e o outro, se criar muito ruído na sala e quase ninguém estar com atenção ao trabalho dos colegas na cena, estando toda a turma nervosa em relação à nossa próxima entrada e à organização dos materiais.

Acho, depois desta minha reflexão, esta maneira de trabalhar numa disciplina prática muito correcta, repetindo os exercícios e pensando nos erros feitos e ainda debatendo sobre os mesmos.

Fazer pressão para relaxar, desta vez com mais tempo

O exercício de relaxamento foi o mesmo da sessão anterior onde a pares, elemento A e elemento B, tínhamos de trabalhar para o relaxamento e a descontracção do outro. Assim, numa primeira fase o elemento A exercitava uma ligeira pressão com os dedos na cabeça, nas palmas das mãos e nas plantas dos pés do elemento B deitado no chão com a barriga para cima. Numa segunda fase o elemento B virava-se e o elemento A passava a fazer o exercício também nas costas do colega. Nas fases três e quatro os dois elementos trocavam de posição e de tarefa para dar a possibilidade a todos de experimentar o exercício. A diferença com o exercício da sessão anterior foi que reservámos mais tempo para o relaxamento, assim quem exercitava a pressão podia faze-lo com mais calma, sem a pressa de passar logo à fase seguinte e tinha de tentar perceber ainda mais, sem palavras, as respostas do colega deitado, para ajudá-lo realmente a descontrair. Também quem estava deitado, tendo mais tempo, podia relaxar-se mais, concentrando-se na sua respiração e nas pressões que o colega fazia em partes sensíveis do corpo.

O facto de ter mais tempo aumentou também a necessidade de concentração e de alienação dos outros colegas na sala. Este é um tipo de exercício que requer uma certa dose de empenho e de atenção, para não olhar aos outros pares e começar a rir e para ajudar o próprio colega a descontrair percebendo os estímulos que o ajudam a fazer isso.


Os elementos A e os elementos B
Fonte: Autoria de um colega

Passo para frente és o actor, passo para trás és o aluno

A primeira actividade da sessão, depois do aquecimento, foi a dramatização de um conto muito conhecido, Capuchinho Vermelho, numa maneira similar à que tínhamos feito na sessão do dia 13 de Outubro. Depois de ter formado os grupos com o método da atribuição de números, dividindo-nos assim em 5 grupos de 5 ou 6 elementos, a cada grupo foram atribuídas duas partes da história, não consecutivas, escritas em folhetos como estes:


Cartões distribuidos
Fonte. Autoria própria

A primeira tarefa foi escolher duas pessoas do grupo para ler as nossas partes aos restantes da turma de maneira a dar a conhecer a todos a versão do conto com a qual iriamos trabalhar. A leitura devia ser bem-feita, em voz alta e o mais expressiva possível, mas sobretudo devia ser feita quando todo o grupo estivesse dentro do espaço cénico delimitado no chão da sala utilizado na sessão do dia 13. Também as entradas e as saídas, como no exercício passado, eram estabelecidas segundo uma tabela pela qual, quem entrava pela esquerda saia pela direita e vice-versa na leitura da segunda parte da história. Assim todos os grupos leram um após o outro o conto deixando perceber que iríamos trabalhar com a versão na qual o lobo come a avô e a Capuchinho Vermelho e adormece, mas no final entra em cena o caçador que abre com um facalhão a barriga do lobo, deixa sair as duas desgraçadas e enche novamente a barriga do lobo com pedras, sem que ele se de conta de nada. Assim, quando o lobo acorda foge muito maldisposto por causa das pedras na barriga.

Neste exercício, como infelizmente vimos na nossa sessão, é muito importante prestar atenção as duas tarefas, que devem ser executadas em contemporâneo: ler em voz alta e estar no espaço cénico delimitado. Muitas vezes, na nossa sessão, a única preocupação foi a delimitação do espaço, assim o grupo entrava todo no rectângulo enquanto um dos membros lia o texto, muito depressa e sem quase nenhuma expressividade. Como resultado obtivemos que todos os grupos respeitaram as entradas e saídas concordadas, mas ninguém percebeu nada das leituras dos outros grupos, tanto que teve de ser o professor a explicar a versão do conto escolhida. Na minha opinião, em casos como este, é melhor repetir o exercício, focando a tónica nos erros da actuação anterior, para percorrer um caminho certo onde todas as etapas foram completadas na melhor maneira possível.

No segundo exercício desta parte principal da sessão cada grupo tinha de preparar a representação das suas duas partes para efectuá-la no espaço cénico da sala, imaginando estar a representar para um grupo de crianças. Podia-se utilizar adereços e objectos cénicos e, sendo esta já a 4ª aula da disciplina, tínhamos de tentar trabalhar na melhor maneira possível a interacção com as outras pessoas do grupo, não focando a atenção somente na nossa parte e na nossa personagem. Depois do tempo de preparação representámos outra vez o conto no rectângulo cénico de maneira a não haver interrupções, assim quando um grupo saia duma saída o outro já estava a entrar na saída oposta. Todos os grupos utilizaram adereços e tentaram ser bastante expressivos, quer nas falas, quer nas interacções com os outros actores. Foi interessante reparar como no trabalho completo, sem, à partida, ter havido trocas de ideias entre os grupos na fase de preparação, houve muitas coisas parecidas como por exemplo alguns actores a fazer as árvores do bosque, a Capuchinho Vermelho ter um lenço desta cor na cabeça ou até existir um actor que fez de porta da casa da avó. Entre as ideias, utilizadas para dar a todos um papel no palco e para tornar a cena mais pormenorizada e clara, houve algumas verdadeiramente geniais, como o espelho, que reflectia o lobo no acto de maquilhar-se para disfarçar-se da avó ou o caçador em frente da porta fechada que procura as chaves de baixo do tapete de entrada e que no final abre a porta (um actor) com um pontapé.

Todos estes pormenores, e os outros não citados, foram introduzidos porque foi-nos dado à partida um público-alvo específico, as crianças, que, como todos os tipos de público, têm necessidades especiais. Assim houve um grupo que preferiu introduzir duas novas personagens de segundo plano, o cão e a gata da avó, em vez que ter actores a representar os móveis da casa ou outros adereços de difícil compreensão. Ainda houve grupos que utilizaram um lenço vermelho e uma canção de fácil melodia para caracterizar melhor a personagem principal. Todas estas particularidades devem ser pensadas e estudadas em relação ao nosso tipo de público, mas sem por isso entrar na simplicidade extrema ou na infantilização. Uma outra coisa muito importante que aprendi e que estou a aprender na ESELx é a quase obrigatoriedade, para mim pelo menos moral, de oferecer sempre aos nossos públicos-alvo estímulos criativos e que sejam uma mais-valia para eles, que sejam a “desculpa” para aprender mais, para descobri mais, para provar a maravilha uma vez mais. Assim, neste caso, teria sido um erro limitar-nos a falas simples, movimentos isolados e interacções óbvias entre os actores, porque isso não teria despertado nenhuma curiosidade e não teria exigido nenhum esforço para a compreensão completa da peça.


Ler em voz alta
Fonte: Autoria própria


O trabalho nos grupos
Fonte: Autoria própria


A representação
Fonte: Autoria de um colega

Life is a Cabaret

Como quase numa tradição começamos o aquecimento desta sessão com música, esta vez a banda sonora do filme “Cabaret” (1972), caminhando em todo o espaço da sala. A primeira tarefa, e se calhar a mais difícil, foi andar individualmente tentando alcançar a concentração, prestando também atenção à nossa postura, costas direitas, cabeça erguida e braços ao longo do corpo. Um outro objectivo deste exercício era tentar apanhar o ritmo da canção, mudando de passo em cada mudança de canção. A seguir, sempre concentrados, tínhamos de olhar nos olhos as pessoas com quem nos cruzávamos e depois seguir em frente, apanhando então o contacto visual com uma outra pessoa. Depois disso, sempre com a música a dar-nos o ritmo, o professor introduziu vários sinais, cada um associado a uma mudança. Assim com uma palma de mãos começávamos a ir para atrás, devagar, mas sem olhar atrás das costas; duas palmas voltavam a fazer-nos ir em frente. Ainda a palavra “AGORA” mandava-nos juntar muito rapidamente em pares e dançar juntos ao som da canção e quando o professor utilizava as palmas ou os clips para bater o ritmo nós imitávamo-lo. Todos os sinais combinados foram introduzidos gradualmente, para não criar confusão, mas, mesmo assim, para o professor, que naquele momento estava a dirigir o exercício, havia a possibilidade de brincar tentando enganar-nos trocando os sinais.

Este exercício, alem de servir para o aquecimento da sessão, introduziu novamente uma técnica divertida, que já tinha observado em outras disciplinas como “Oficina de Animação Musical” com o professor Paulo Rodrigues, para a interacção com os grupos. No papel do dinamizador da actividade pode-se, como fez o professor nesta sessão, introduzir várias tarefas associadas a sinais específicos, mas inevitavelmente quando se introduz um novo sinal todos estão concentrados neste, esquecendo quase os precedentes. Assim pode-se brincar com: “Quando digo “AGORA” juntem-se em pares e dancem com o outro”... “CLAP (uma palma, associada a um outro sinal precedente) ” e quase todos irão a procura dum par para dançar. Esta pode ser até a estrutura de um jogo, onde quem se engana sai do jogo ou leva um ponto e no final que tem menos pontos ganha, mas no caso da nossa sessão foi utilizada, na minha opinião, para treinar a memória e sobretudo a concentração, necessária numa sessão de teatro.