2 de novembro de 2009

Passo para frente és o actor, passo para trás és o aluno

A primeira actividade da sessão, depois do aquecimento, foi a dramatização de um conto muito conhecido, Capuchinho Vermelho, numa maneira similar à que tínhamos feito na sessão do dia 13 de Outubro. Depois de ter formado os grupos com o método da atribuição de números, dividindo-nos assim em 5 grupos de 5 ou 6 elementos, a cada grupo foram atribuídas duas partes da história, não consecutivas, escritas em folhetos como estes:


Cartões distribuidos
Fonte. Autoria própria

A primeira tarefa foi escolher duas pessoas do grupo para ler as nossas partes aos restantes da turma de maneira a dar a conhecer a todos a versão do conto com a qual iriamos trabalhar. A leitura devia ser bem-feita, em voz alta e o mais expressiva possível, mas sobretudo devia ser feita quando todo o grupo estivesse dentro do espaço cénico delimitado no chão da sala utilizado na sessão do dia 13. Também as entradas e as saídas, como no exercício passado, eram estabelecidas segundo uma tabela pela qual, quem entrava pela esquerda saia pela direita e vice-versa na leitura da segunda parte da história. Assim todos os grupos leram um após o outro o conto deixando perceber que iríamos trabalhar com a versão na qual o lobo come a avô e a Capuchinho Vermelho e adormece, mas no final entra em cena o caçador que abre com um facalhão a barriga do lobo, deixa sair as duas desgraçadas e enche novamente a barriga do lobo com pedras, sem que ele se de conta de nada. Assim, quando o lobo acorda foge muito maldisposto por causa das pedras na barriga.

Neste exercício, como infelizmente vimos na nossa sessão, é muito importante prestar atenção as duas tarefas, que devem ser executadas em contemporâneo: ler em voz alta e estar no espaço cénico delimitado. Muitas vezes, na nossa sessão, a única preocupação foi a delimitação do espaço, assim o grupo entrava todo no rectângulo enquanto um dos membros lia o texto, muito depressa e sem quase nenhuma expressividade. Como resultado obtivemos que todos os grupos respeitaram as entradas e saídas concordadas, mas ninguém percebeu nada das leituras dos outros grupos, tanto que teve de ser o professor a explicar a versão do conto escolhida. Na minha opinião, em casos como este, é melhor repetir o exercício, focando a tónica nos erros da actuação anterior, para percorrer um caminho certo onde todas as etapas foram completadas na melhor maneira possível.

No segundo exercício desta parte principal da sessão cada grupo tinha de preparar a representação das suas duas partes para efectuá-la no espaço cénico da sala, imaginando estar a representar para um grupo de crianças. Podia-se utilizar adereços e objectos cénicos e, sendo esta já a 4ª aula da disciplina, tínhamos de tentar trabalhar na melhor maneira possível a interacção com as outras pessoas do grupo, não focando a atenção somente na nossa parte e na nossa personagem. Depois do tempo de preparação representámos outra vez o conto no rectângulo cénico de maneira a não haver interrupções, assim quando um grupo saia duma saída o outro já estava a entrar na saída oposta. Todos os grupos utilizaram adereços e tentaram ser bastante expressivos, quer nas falas, quer nas interacções com os outros actores. Foi interessante reparar como no trabalho completo, sem, à partida, ter havido trocas de ideias entre os grupos na fase de preparação, houve muitas coisas parecidas como por exemplo alguns actores a fazer as árvores do bosque, a Capuchinho Vermelho ter um lenço desta cor na cabeça ou até existir um actor que fez de porta da casa da avó. Entre as ideias, utilizadas para dar a todos um papel no palco e para tornar a cena mais pormenorizada e clara, houve algumas verdadeiramente geniais, como o espelho, que reflectia o lobo no acto de maquilhar-se para disfarçar-se da avó ou o caçador em frente da porta fechada que procura as chaves de baixo do tapete de entrada e que no final abre a porta (um actor) com um pontapé.

Todos estes pormenores, e os outros não citados, foram introduzidos porque foi-nos dado à partida um público-alvo específico, as crianças, que, como todos os tipos de público, têm necessidades especiais. Assim houve um grupo que preferiu introduzir duas novas personagens de segundo plano, o cão e a gata da avó, em vez que ter actores a representar os móveis da casa ou outros adereços de difícil compreensão. Ainda houve grupos que utilizaram um lenço vermelho e uma canção de fácil melodia para caracterizar melhor a personagem principal. Todas estas particularidades devem ser pensadas e estudadas em relação ao nosso tipo de público, mas sem por isso entrar na simplicidade extrema ou na infantilização. Uma outra coisa muito importante que aprendi e que estou a aprender na ESELx é a quase obrigatoriedade, para mim pelo menos moral, de oferecer sempre aos nossos públicos-alvo estímulos criativos e que sejam uma mais-valia para eles, que sejam a “desculpa” para aprender mais, para descobri mais, para provar a maravilha uma vez mais. Assim, neste caso, teria sido um erro limitar-nos a falas simples, movimentos isolados e interacções óbvias entre os actores, porque isso não teria despertado nenhuma curiosidade e não teria exigido nenhum esforço para a compreensão completa da peça.


Ler em voz alta
Fonte: Autoria própria


O trabalho nos grupos
Fonte: Autoria própria


A representação
Fonte: Autoria de um colega

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