Como já anunciado este post pretende apresentar o trabalho feito por mim para a realização do serão de contos na ESELx no dia 9 de Dezembro. A ideia partiu da professora Lúcia Soares, da disciplina de Literatura de Expressão Portuguesa e do professor da cadeira para a qual este blog é o instrumento de avaliação, Prática Teatral, Miguel Falcão, que, sabendo que eu era um contador do projecto da
Biblioteca Municipal de Oeiras (BMO) “Histórias de Ida e Volta” e que na turma do primeiro ano do pós-laboral estuda a colega Rita Dornellas, técnica da BMO e responsável pelo projecto, nos desafiaram para organizar um serão de contos na nossa Escola.
Para ser honesto quem fez a grande parte do trabalho foi, de facto, a Rita que escolheu os contadores entre os da bolsa do projecto da BMO, organizou a sua turma para a aquisição em conjunto dum bolo-rei para tornar a noite mais acolhedora e preparou duas leituras, uma em conjunto e uma feita por ela própria, como presente para os contadores convidados.
Eu limitei-me a trazer um conto, descoberto na tradição oral moçambicana para a avaliação da disciplina da professora Lúcia Soares, e a tratar das tarefas mais técnicas como as luzes e os folhetos com o alinhamento.
Neste blog acho interessante reportar o meu trabalho com as luzes, uma vez que na peça que iremos apresentar na última aula não iremos poder utilizar este tipo de suporte técnico. O local escolhido para o serão foi o Salão Nobre da nossa Escola que tem várias luzes que o iluminam completamente, mas um dos aspectos principais para a boa realização dum serão de contos é ter uma luz quente, mas não demasiado intensa, para recrear um ambiente acolhedor e focar a atenção no contador e nas suas palavras. Por isso decidimos utilizar os dois spots menos potentes que a Escola tem e posicioná-los no primeiro andar do salão nobre. Juntamente com a Rita decidimos colocar a cadeira do contador por baixo do palco e cerca de 60 cadeiras à sua frente, numa meia-lua, sempre para tentar recrear um ambiente acolhedor e quase intimista. As luzes, seguradas ao corrimão, uma em cada lado da sala deveriam iluminar o lugar do contador e também o palco, onde iriam ser posicionadas as primeiras obras dos alunos da disciplina “Oficina de Expressão Plástica”. Todavia foi preciso evitar que a fonte de luz incomodasse em primeiro lugar o contador, sendo o contacto visual com o público uma componente fundamental do nosso trabalho, e claramente também as pessoas do público, mais especificadamente as sentadas nas extremidades da meia-lua. Para posicionar as luzes e para verificar todos estes pormenores efectuamos uma prova de luzes dois dias antes o serão de maneira a prevenir problemas de última hora.
O serão começou com a leitura em conjunto do texto “O Limpa-Palavras” de Álvaro Magalhães e com a leitura de “O Senhor das Palavras” de Isabel Rosas, feita pela Rita, em jeito de presente aos contadores que aceitaram participar no serão na nossa Escola. A seguir sucederam-se vários contadores da BMO, alguns dos quais pertencem ao grupo dos
Contabandistas, e duma professora da ESE, que concedeu também um bis à audiência. O público, composto por alunos da Escola, maioritariamente das turmas do pós-laboral, por professores e por convidados amigos dos contadores foi muito participativo e atento, o que é fundamental para um contador, sendo o acto de contar não só uma
performance, mas também um trabalho de partilha com as pessoas. Alguns dos contos escolhidos eram de autores, como José Eduardo Agualusa ou o italiano Stefano Benni, e da tradição oral africana, angolana e moçambicana. Alguns contadores decidiram, antes da própria actuação, mudar o conto reportado no folheto com o alinhamento entregue à entrada a todos os participantes e apresentado no final deste post. Isso porque, às vezes, um serão transforma-se e é preciso e importante adaptar os contos numa linha de continuidade e numa associação de ideias com os anteriores. Depois dos contos foi servido o chá, oferecido pelo Conselho Directivo, e os bolos, comprados em conjunto dos alunos. Esta foi também a ocasião para trocar opiniões, agradecer e partilhar experiências, profissionais e não só, entre os participantes e os contadores. O espírito de todo o serão foi, na minha opinião, muito bom, descontraído e partilhado e este é, sem dúvida, um dos objectivos da realização deste evento na nossa Escola.
Nos dias seguintes alguns dos contadores agradeceram-nos, a mim e a Rita, pelo convite e demonstraram a sua apreciação sobre o Salão Nobre para este tipo de eventos. Esta poderia ser uma sugestão para a Escola continuar a realização de serões de contos, também porque a promoção da leitura e da tradição oral e a técnica do contar são aspectos fundamentais para as profissões que aqui são ensinadas.
Alinhamento dos contadores:
Helena Gravato: Kimanueze e a filha do Sol - Conto Tradicional de Angola
António Gouveia: Sir Gawain e a Dama Repugnante - Conto Tradicional
Antonella Girardi: Vai Amália, tu consegues! - Stefano Benni
Maria Encarnação Silva: O pássaro pançudo – Conto tradicional português
Cláudia Fonseca: O Uivo amarelo dos Girassóis - José Eduardo Agualusa
Matia Losego: Os filhos do Cobra Bona - Conto tradicional moçambicano
Ilustração do Projecto "Histórias de Ida e Volta" da BMO