Afonso Henriques. Cartaz
Na óptica de continuar a aprender com os melhores, numa linha de continuidade com a visão do documentário “Ensaio sobre o teatro” da companhia O Bando e na certeza que para ser promotor de actividades teatrais é preciso, em primeiro lugar, ser espectadores de teatro fomos assistir, no passado dia 14 de Novembro, a peça infantil Afonso Henriques da companhia O Bando no Teatro Nacional D. Maria II.
Esta peça estreou em 1982, mas teve tão sucesso que periodicamente é apresentada ao público de todo o país quer porque retrata uma personagem importante da história nacional, quer porque, sendo uma peça infantil, há sempre público novo para aprecia-la. A peça, apresentada por 5 actores (3 homens e 2 mulheres), conta toda a vida de Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal que, entre as outras coisas, prendeu a própria mãe, conquistou vários castelos portugueses contra os mouros e os castelhanos chegando assim a independência de Portugal, lutou contra o papa em questões de fé e morreu velho e, finalmente, rei.
O trabalho dos actores no palco foi sempre interactivo, até ao ponto de convidar um menino a subir ao palco, e dinâmico, tornando assim a peça divertida e interessante sobretudo para um público jovem, que participou com comentos, gritos e palmas. O facto de, no início e no fim, os actores entrarem e saírem da sala em desfile, com musica e ritmo, passando no meio do público contribuiu para despertar a curiosidade e a participação. Em relação ao trabalho dos actores é de sublinhar também o facto que cada um desempenhou mais de um papel na cena, trocando de personagem só com um ou dois adereços, as vezes mudando-os mesmo em cena, como é o caso da troca de perucas quando Afonso Henriques passa de adulto a velho.
Uma outra parte importante da peça foi, sem dúvida, a música que, acompanhando todo o espectáculo, recriou o ambiente medieval, com os tambores, a gaita-de-foles e as flautas, e acelerou o ritmo da história. A cenografia, fantástica, era composta por poucas coisas que, consoante a necessidade, se transformavam agora em castelos, depois em cavalos, em escadas, tronos e berços. Esta técnica teatral de utilizar a cenografia por múltiplos usos e de trocar de fato em cena, lembra-me alguns espectáculos da companhia do Chapitô, como Drakula.
Outra característica a apontar, também para reportar o trabalho feito nas aulas à prática, foi a utilização de várias técnicas teatrais. Para representar cenas de batalha e sobretudo para inserir mais personagens, os actores utilizaram fantoches ou ainda uma espécie de teatro das sombras, actuando por baixo dum pano para recriar a noite, e também uma pequena cena de teatro dos objectos, quando Afonso Henriques, ainda menino, enterra o pai e recebe assim o poder. Também a utilização das mascaras de madeira, grandes e bonitas, contribuiu para a riqueza desta peça e para despertar a curiosidade do público, apesar de, por vezes, prejudicar a compreensão das palavras do actor que com a máscara.
O desenrolar da história não foi propriamente simples, tendo também algumas falas em espanhol, ou portunhol, e em italiano. Todavia acho correcto aumentar cada vez mais os estímulos e os desafios para um público infantil, considerando também que a mímica dos actores, a música e a cenografia ajudou muito à compreensão global da história.
Concluído, esta peça foi uma experiencia muito positiva quer pelo desempenho formidável da companhia, quer pela criatividade da encenação e das cenografias quer, finalmente, por ser no teatro Nacional D. Maria II, uns dos templos do teatro na cidade de Lisboa.
Flyer. Frente
Fonte: Digitalização
Fonte: Digitalização
Flyer. Verso
Fonte: Digitalização
Imagem do espectáculo
Imagem do espectáculo
Ficha técnica
A partir de um poema épico de tradição oral
Dramaturgia, encenação e espaço cénico: João Brites
Arranjo musical a partir da recolha de música tradicional portuguesa e oralidade: Teresa Lima
Figurinos: Clara Bento
Adereços: Isabel Carretas, Clara Bento e Fátima Santos
Desenho de luz: João Cachulo
Interpretação: Ana Brandão, Guilherme Noronha, Miguel Jesus, Nicolas Brites e Sara de Castro
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